VOCO Dental Aid

"Dentists for Africa” – em viagem pelo Quénia

Anna Hübben e Kyra Kalbhen relatam a sua experiência

Anna Hübben e Kyra Kalbhen realizam tratamentos na Dentalclinic Uma das duas bem equipadas salas de tratamento na Dentalclinic Na clínica móvel em Marani, os pacientes eram tratados em cadeiras de plástico Visita à escola Nyaura Primary School Fotografia conjunta com as irmãs da Dentalclinic Anna Hübben (esq.) a extrair um dente. Kyra Kalbhen assiste-a na extração

“Já sabíamos há muito que depois dos exames finais não iríamos querer entrar logo no mercado de trabalho. Antes queríamos combinar trabalho com férias no âmbito de um estágio clínico, para alargar o horizonte das nossas capacidades e, ao mesmo tempo, ajudar os habitantes locais. A planificação da nossa estadia começou quando ainda nos encontrávamos em época de exames finais. Após longa consideração, optámos pela organização “Dentists for Africa” no Quénia. Esta disponibilizou-nos um guia de orientação exaustivo, bem como o contacto da dentista queniana responsável pela assistência no local, a irmã Fabian.

 

Quando a hora chegou, dirigimo-nos a Frankfurt com as malas bem carregadas. As nossas malas, quatro de 23 kg e duas de 12 kg, encontravam-se preenchidas até ao último grama principalmente com material dentário doado. Gostaríamos de ter levado ainda mais doações, mas a companhia aérea não nos autorizou transportar mais bagagem. O restante material doado será enviado, junto com outros materiais e aparelhos da Dentists for Africa, para o Quénia.

De Frankfurt voámos para Amesterdão, dali para Nairobi e por fim para Kisumu. Lá fomos recebidas pela irmã Lawrencia e pelo motorista Vincent. Após uma longa viagem de carro, chegámos ao nosso destino, Kisii, e ao Christamarianne Mission Hospital. A pensão vizinha seria o nosso lar nas próximas duas semanas, paredes meias com outros dois médicos.

 

A irmã Lawrencia encarregou-se de nos assistir sempre que necessário. Ela gestiona o estoque de material dentário da Dentists for Africa no Quénia, sendo ainda responsável pela digitalização dos registos hospitalares dos pacientes de VIH. Através do guia de orientação, sabíamos já que um número elevado de pacientes estava infetado com o VIH, pelo que nos equipámos com sistemas de luvas duplas, viseiras e máscaras para a boca. Para casos de emergência, o hospital dispõe de uma profilaxia pós-exposição para o VIH.

 

O nosso dia de trabalho começava às 9 horas, às 13 horas era a hora do almoço e por volta das 16 horas a clínica dentária fechava. O atendimento era feito em duas salas, contando cada uma com uma cadeira de dentista e bom equipamento. Com o apoio de Davine, uma assistente dentária em formação, da irmã Fabian, de Jeal e Tony, dois assistentes de saúde oral em estágio, de Sharon e Dickson, dois técnicos de prótese dentária, assim como do especialista em tecnologia médica Felix, tornou-se possível realizar qualquer tratamento necessário.

Contámos ainda com um pequeno laboratório odontológico, no qual podiam ser produzidas próteses. As extrações e as restaurações revelaram-se os tratamentos mais habituais. Também foi possível efetuar limpezas dentárias com recurso a um instrumento de ultrassom, assim como tratamentos dos canais das raízes, graças a um aparelho de raios X. Estas operações eram frequentemente dificultadas pelas falhas de eletricidade.

A Dentists for Africa também visita regularmente escolas. Estivemos presentes numa destas intervenções. Na Nyaura Primary School instruímos cerca de 300 alunos sobre saúde oral, antes de verificarmos o estado dos seus dentes. Nalguns casos justificados, acabámos por tratar os alunos posteriormente no hospital. Em média encontrámos em cada criança no máximo 1-2 dentes com necessidade de tratamento, sendo que esperávamos uma situação bem mais grave. Muitas crianças explicaram que não possuíam nenhuma escova de dentes, pelo que a irmã Fabian organizou nova visita, de forma a fornecer-lhes as escovas e as pastas de dentes necessárias. Esta experiência foi absolutamente única e muito comovente, devido à alegria e a gratidão das crianças.

 

No geral constatámos que os pacientes locais eram muito diferentes dos habituais pacientes alemães. A marcação de consultas com uma hora determinada revela-se infrutífera, visto que estas não são cumpridas, apenas a data.
 Por outro lado verifica-se muita paciência na espera, não havendo a expectativa de serem imediatamente atendidos. Verificámos amiúde que muito poucos quenianos sabiam que se deve escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia, durante três minutos.

Tivemos a oportunidade de visitar outro centro dentário em Asumbi, onde se situa a sede da Irmandade Franciscana. Durante um dia foi lá que tratámos sobretudo meninas da escola secundária adjacente.

Noutra excursão clínica que fizemos, ao hospital de Marani, os pacientes sentavam-se em cadeiras de plástico dentro de uma tenda, enquanto lhes extraíamos os dentes, um após o outro. Aqui encontravam-se sobretudo adultos, sem meios para pagar por um tratamento, ou para se deslocar à próxima clínica dentária. 

 

Tivemos ainda a oportunidade de travar conhecimento com o Dr. Schinkel, o fundador da Dentists for Africa. Entre outros afazeres, o Dr. Schinkel veio orientar um seminário durante um fim de semana, no qual se discutiu como melhorar a situação no local, assim como o ajuste dos objetivos da organização à situação real. Esta foi uma boa oportunidade para conhecer as experiências, desejos e dificuldades dos estudantes de medicina dentária. 

Nos nossos tempos livres, aproveitámos para explorar o recinto do hospital, com todos os seus animais e hortas. Visitámos a cantina e padaria dos pacientes, onde pudemos assistir à preparação de várias especialidades quenianas. Decidimos aproveitar a oferta da irmã Lawrencia, que nos tinha prometido organizar uma excursão à floresta tropical de Kakamega. Tanto esta floresta como o Rondo Retreat Center são destinos a não perder. As instalações situam-se num local soberbo, em plena floresta tropical, ideal para recarregar baterias.

Durante o nosso safari de 9 dias, viajámos até ao parques nacionais Masai Mara, Lake Naivasha, Ambosli e Tsvao-West. A viagem terminou na praia, em Mombasa. 

 

Passámos umas semanas absolutamente inesquecíveis no Quénia. Os quenianos mostraram-se sempre muito abertos e calorosos em relação a nós. As irmãs em particular, acolheram-nos com muito carinho no seu seio e asseguraram sempre o nosso bem estar. Esta estadia constituiu uma experiência enriquecedora, tanto a nível pessoal como profissional. 

 

No total entrámos em contacto com 82 empresas, das quais 24 contribuíram com donativos. Queremos aproveitar para agradecer a todos os nossos patrocinadores, pelo generoso apoio concedido, que muita felicidade trouxe, não só a nós, mas também aos quenianos no local (por ordem alfabética):

3M Deutschland GmbH, Bausch GmbH, Busch & Co. GmbH, Clinic & Job Dress GmbH, Colente Group, Dentsply Detrey GmbH, Anton Gerl GmbH, Golf Toys GmbH, E. Hahnenkratt GmbH, Kulzer GmbH, Horico Dental Hopf, Ringlab & Co. GmbH, Hu-Friedy Mfg. Co., Ivoclar Vivadent GmbH, Karl Hammacher GmbH, Komet Dental/Gebr. Brasseler GmbH & Co. KG, Kuraray Europe GmbH, M+W Dental GmbH, MaiMed GmbH, MPS Dental GmbH, Nordiska GmbH & Co.KG, Polydentia SA, Romesco Handelsges.m.b.H, VOCO GmbH.“